Documento elaborado por: Unidade de Saúde Mental, de Abuso de Substáncias, e
Reabilitação (THS/MH)
Tecnologia e Prestação de Serviços de Saúde
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS)
VULNERABILIDADE PSICOSSOCIAL
Deve-se enfatizar que os grupos mais vulneráveis são os que têm maiores dificuldades para reconstruir seus meios de subsistência e apoio social durante e depois da catástrofe.
Os padrões sociais e culturais determinam que homens e mulheres reajam de maneira diferente. Por exemplo, os homens tendem a reprimir as emoções dolorosas e sua expressão é interpretada como uma fraqueza. Sua resposta emocional pode ser a ingestão exagerada de álcool ou comportamentos violentos. As mulheres tendem a se comunicar mais facilmente entre si e expressar seus temores e buscar apoio e compreensão para si mesmas e seus filhos.
Transtornos psíquicos nos sobreviventes
No plano individual, muitas pessoas podem enfrentar uma crise, definida como aquela situação gerada por um evento vital externo que ultrapassa a capacidade emocional de resposta da pessoa. Isto é, seus mecanismos de enfrentamento são insuficientes e ocorre um desequilíbrio e incapacidade de adaptação psicológica.
Alguns critérios para determinar se uma manifestação emocional está se
tornando sintomática são:
• Prolongação no tempo;
• Sofrimento intenso;
• Complicações associadas (por exemplo, conduta suicida);
• Comprometimento significativo do funcionamento social e cotidiano.
* Os transtornos psíquicos imediatos mais freqüentes nos sobreviventes são os episódios depressivos e as reações de estresse agudo de tipo transitório. Também foi observado, às vezes, aumento de comportamentos violentos, bem como o consumo excessivo de álcool.
O luto
O luto é vivido com uma mistura de tristeza, angústia, medo e ira; no momento mais critico chega aos extremos de dor emocional muito intensa e o desespero;
As manifestações psicológicas mais freqüentes do luto são: recordações muito vívidas e reiterativos do morto e do ocorrido, nervosismo, medo, tristeza, choro, desejos de morrer, distúrbios de sono e o apetite, problemas de memória e concentração
mental, fadiga, pouca motivação e dificuldade para retornar ao nível normal de atividade, tendência ao isolamento, mescla de sentimentos ou emoções (por exemplo, sentir culpa, acusar os outros, sentir frustração, impotência, raiva, opressão etc.),
descuido da aparência e higiene pessoal e manifestações corporais diversas não específicas (como enjôos, náuseas, dor de cabeça, opressão no peito, tremores, dificuldade respiratória, palpitações, secura da boca).
O luto complicado é aquele que não evolui de “forma natural” e se transforma em patológico; em geral leva a um transtorno depressivo que é caracterizado pela tristeza profunda, perda da capacidade de se interessar pelas coisas e aproveitá-las, redução do nível de atividade e cansaço exagerado. Também são assinalados sintomas
como: redução da atenção e da concentração, perda de confiança em si mesmo, sentimentos de inferioridade e de culpa, perspectivas sombrias de futuro, pensamentos ou atos suicidas, transtornos do sono e perda do apetite.
Algumas recomendações para os sobreviventes e os que sofreram perdas importantes:
• Tratá-los como sobreviventes ativos e não como sujeitos passivos;
• Não medicalizar a atenção, nem necessariamente tratar as pessoas como doentes
psiquiátricos;
• Assistir e mostrar preocupação pela segurança física e da saúde;
• Assegurar-se de atender suas necessidades básicas;
• Proporcionar apoio emocional e um senso de conexão com outras pessoas;
• Assegurar a privacidade e o sigilo na comunicação;
• Facilitar para que expressem ou contem sua história e deixem suas emoções aflorar;
• Quem está oferecendo a ajuda psicológica deve desenvolver um sentido de escuta responsável, cuidadosa e paciente. Os membros das equipes de resposta devem explorar suas próprias concepções e preocupações sobre a morte e não devem impor sua visão aos que estão ajudando;
• Mais que conselhos se deve abrir a reflexão sobre o ocorrido e como enfrentar o futuro. As orientações devem se referir a questões práticas e abertura de canais de ajuda;
• Prover o máximo de informação possível e escutar os problemas para ajudar com que sejam canalizados;
• Promover o retorno à vida cotidiana, o quanto antes;
• Evitar a intrusão da imprensa ou de outros grupos;
• O apoio espiritual ou religioso é, geralmente, um instrumento valioso para acalmar os familiares.
A notificação da morte e o reconhecimento de cadáveres
É um momento crítico e difícil de ser enfrentado pois pode produzir reações emocionais fortes. Algumas recomendações úteis são as seguintes:
• Anteriormente à notificação, deve-se reunir toda informação possível sobre o falecido e as características de seu caso (evolução da doença, complicações etc.);
• Obter informação sobre as pessoas a serem notificadas;
• Assegurar-se de que o familiar adulto mais apropriado receba a notícia primeiro;
• A notificação será realizada diretamente e em pessoa;
• A notificação deve ser feita, preferivelmente, por duas pessoas;
• Usar as regras comuns de cortesia e respeito;
• Não levar à entrevista objetos pessoais do falecido;
Orientações para o pessoal que trabalhou na emergência, depois que ser reintegrado à vida cotidiana:
• Voltar à sua rotina o quanto antes;
• Realizar exercícios físicos e de relaxamento;
• Buscar contato com a natureza;
• Descansar e dormir o suficiente;
• Alimentar-se de forma balanceada e regular;
• Não tentar diminuir o sofrimento com o uso de álcool ou drogas;
• Buscar companhia e falar com outras pessoas;
• Participar de atividades familiares e sociais;
• Observar e analisar seus próprios sentimentos e pensamentos. Refletir sobre a experiência que viveu e o que ela significa como parte de sua vida.
Recomendações para comunicar o risco:
1. Coloquem-se no lugar do público;
2. Não tenham medo de assustar as pessoas;
3. Reconheçam a incerteza da situação;
4. Compartilhem os dilemas;
5. Permitam que as pessoas participem;
6. Estejam dispostos a especular de maneira responsável;
7. Não se deixem apanhar pelo jogo dos números;
8. Enfatizem a magnitude e não a probabilidade;
9. Orientem a reação de ajuste;
10. Informem ao público rapidamente e tentem ser totalmente francos e transparentes.
Obs.: Não sou especializado na àrea, esta é uma breve resenha sobre o tema, para esclarecer um pouco mais a população sobre como é dado o atendimento as vítimas, nestas situações, e os cuidados que o pessoal que trabalha em emergências deve tomar, após o evento para não desenvolver estresse pós-traumático.
Parabéns a todos profissionais e voluntários envolvidos no evento que realizaram um maravilhoso trabalho.
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